o timbre demasiado azul da minha voz
guarda um ermo terrível,
inverno luminoso,
por vezes confuso entre o canto dos pardais.
partilho da solidão
que se dá aos cachorros de rua.
religiosamente,
em dias de pouca luz,
um passarinho muito esperto vem roer-me a vista
– tenho alucinações de ostras.
dizem que fiz pacto com a utilidade,
sofro do mal que permeia os contadores e assentados.
sonho o esplendor catártico dos caracóis.
meu obscuro
geme.